Vendedores de Ilusão. A triste realidade do comércio da fé

Há uma onda perigosa de delírio profético transitando em nosso meio. Ouve-se por todos os lados o seu som anunciando paz onde não há paz. Ela vem escorregando dos púlpitos cristãos e arrasando os corredores eclesiásticos desprovidos do evangelho de Jesus Cristo. A sua formação deu-se no encontro nupcial entre a conveniência e a alienação, entre o profeta (líder) que Deus não levantou e o grande movimento da maré cristã evadindo-se da Verdade. 

Apesar de todos os alertas bíblicos, históricos e contemporâneos que temos contra esse tipo de influência, ainda é grande o número de crentes surfando nessas águas turvas, brincando levianamente sem levar em consideração o perigo iminente a que estão se submetendo. Muitos, infelizmente, já naufragaram. 

Paz, paz! gritam os profetas brincalhões. Eles vendem ilusões a preço caro e objetivam agradar sempre. Pregam um Deus “... que enriquece as pessoas e fecha os olhos aos seus erros”; endossam a vontade pecaminosa do povo em vez de chamá-lo ao arrependimento, colocam panos quentes sobre uma realidade fria, nua e crua.

Eles encobrem injustiças e explorações descaradas com palavras agradáveis. Brincam de profetas num contexto onde pecados de todas as espécies desfilam com a maior naturalidade, sem serem confrontados. Menosprezam a loucura da cruz dizendo paz, paz! onde primeiro se deveria dizer: “Arrependam-se, arrependam-se!”; “convertam-se, convertam-se!” Isto é perigoso.

O mundo está enfermo e a Verdade é o medicamento que o pode curar. Mas ela precisa ser dita com todas as letras, sem rodeios, e antes que o juízo divino venha sobre nós. 

A. W. Tozer escreveu: “... Onde não se pensa nada, não é provável que haja bom depósito da verdade na mente” . O nosso desejo, portanto, é o de que as páginas que se seguem nos resultem em um convite à reflexão humilde, sincera, corajosa e sem preconceitos. Assim seremos capazes de discernir brincadeiras proféticas, comodidades cristãs, tragédias reais e iminentes. 

Enquanto refletimos, procuraremos ouvir profetas bíblicos e contemporâneos, pessoas verdadeiras, que lutaram e lutam pelo retorno à Verdade como condição para a cura, para a vida que se satisfaz em Deus.  Cremos que a jornada profética desses homens e mulheres de Deus tem muito a nos ensinar.

Com eles podemos ainda aprender a lamentar e a amar; a pregar e a sofrer pela verdade pregada, a perseverar e a ter esperança; a anunciar juízo com voz firme e coração cheio de misericórdia; a conhecer Deus com mais intimidade e a nós mesmos com mais realismo. Almejamos a vivência cristã simples, real, sem enganos.

Que Deus nos ajude!