A Reforma Neerlandesa

A obra “A Reforma Neerlandesa”, por meio da análise da noção de predestinação no pensamento teológico e eclesiológico de Jacó Armínio, historiciza o debate religioso em torno do discurso da Salvação nos Países Baixos do final do século XVI e início do século XVII, resgatando as origens nativas da religião protestante neerlandesa. 

A pesquisa, oriunda da Dissertação de Mestrado realizada junto ao PPGHIS-UFSJ, revela Armínio como uma figura central e injustiçada no cenário da História da Reforma Protestante. Segundo o historiador e teólogo, João Fábio F. Pantaleão, Armínio foi responsável por reformular as ideias soteriológicas de João Calvino, que faziam de Deus o autor do pecado. Contudo, Armínio as interpretou, apropriando-se delas e, evidentemente, as contestou onde julgava necessário, reivindicando a ortodoxia neerlandesa para o seu próprio pensamento.

No primeiro capítulo, Pantaleão trabalhou a ideia de natividade nas Provinces-Unies du Nord, visando identificar as apropriações e representações dos protestantes daquele período, isto é, de grupos partidários que deram origens a Reforma Neerlandesa. Já no segundo capítulo, o autor esboça a trajetória intelectual de Jacó Armínio, dando inteligibilidade à luta de representações dos rekkelijken e preciezen. Por sua vez, no último capítulo, Pantaleão analisa a Verclaringhe de 1610 (Declaração de Sentimentos), fonte primária que permitiu um trabalho minucioso de cotejamento e de análise da confissão de fé de Jacó Armínio, testemunhando e justificando a reformulação soteriológica da doutrina calviniana, reivindicando para o seu pensamento teológico e eclesiológico a Ortodoxia Neerlandesa de seu tempo.