Teologia do Cansaço

O autor da frase “trabalhe enquanto eles dormem!”, deveria ser advertido. O mesmo destino mereceria o desventurado autor da perversa pergunta “o que você faz da meia-noite às seis?” Essas expressões anônimas engendradas em algum lugar da face da Terra estão associadas ao surgimento de um modelo social em que o cansaço é objeto de culto e sinônimo de uma curiosa santidade social. 

Neste livro, após demonstrar a transformação da vida em um imenso espaço de trabalho interminável, Ivan Durães apresenta as características e o enredo teológico para as tentativas de justificação do cansaço a qual os sujeitos contemporâneos se submetem. Ao longo da análise, surge a Teologia do Cansaço, tão bem articulada pelo seu autor. 

Afirma Ivan Durães que cada sociedade constrói os seus pecados de estimação, verdadeiros ou falsos. 

Nesta obra, o leitor se deparará com a denúncia das seguintes faltas classificadas como pecados graves que compõem estes tempos de exaustão coletiva: Não ser apaixonado e/ou viciado por agendas lotadas, não possuir múltiplas metas no trabalho e na religião, não estar envolvido com correrias intensas, não produzir incontáveis conteúdo para as redes sociais, fugir de participações crescentes em atividades religiosas, não transformar a vida em um imenso checklist, detestar reuniões ininterruptas, não envolver-se com adoração sem fim à organizações religiosas, evitar presença em cultos em série, rejeitar comprovações de produtividade e alta performance em todos os quadrantes da vida. Aos sujeitos apegados a essa lista de supostos pecados, não há salvação sem a hiperatividade. 

Por todo o contexto, o presente livro serve para análise da acomodação dos modos de ser, agir e pensar do sujeito religioso da produtividade em sua piedosa peregrinação, em busca de alta performance nas suas relações com o sagrado que, por agenda autoimposta, segue em condição de esgotamento de suas próprias forças. 

Para um tempo de cansaço, Ivan Durães criou a Teologia do Cansaço.