Teologia Armínio Wesleyana. Teoria e práxis
Nesta obra, pretendemos abordar elementos gerais da teologia Armínio-Wesleyana. Vivemos um momento agradável dessa tradição cristã em nosso Brasil, pois já estamos com diversas obras publicadas e com assuntos também variados dentro do escopo armínio-wesleyano. Algumas dessas publicações são mais pastorais, outras mais apologéticas e algumas poucas mais acadêmicas. A presente obra não pretende ser tão acadêmica, mas também não quer ser rasa. Queremos que o leitor menos técnico consiga nadar sem se afogar e que o acadêmico mais experiente nade sem se sentir no raso.
A teologia Armínio-Wesleyana tem sido mais conhecida nos últimos anos como vinculada à soteriologia, i.e., à doutrina da salvação. Isso é ótimo! Pois há algumas décadas os pensamentos de Armínio e de Wesley sobre tais temas eram mais restritos a pesquisadores e menos popular aos nossos membros de igreja. No entanto, já fazem alguns anos que venho desejando que avancemos nossa conversa. Arminianismo-wesleyano não é apenas soteriologia: é uma weltanshauung (cosmovisão) bem mais abrangente. Pensando nisso, a presente obra visa discutir essa holisticidade, trazendo à tona assuntos que vão além da doutrina da salvação.
Nosso primeiro capítulo é para ambientar o leitor. O que é, afinal, de contas, a teologia Armínio-Wesleyana? Ela tem suas raízes nos pastores e teólogos Jacó Armínio (1559-1609) e John Wesley (1703-1791), que serviram, respectivamente, nas igrejas Reformada da Holanda e Anglicana. Foram pessoas muito dedicadas no que fizeram. Cuidaram de pessoas, combateram o bom combate da vida cristã, correram a corrida pela graça e guardaram a fé com fidelidade ao Senhor. Descrevemos, nesse primeiro momento, as principais características desse ramo da teologia, enfatizando aspectos teóricos (doutrinários) e práticos.
O segundo capítulo resume o pensamento de ambos os teólogos sobre a doutrina da salvação. Armínio era um pensador muito preparado, que estudou com grandes nomes do professorado do século XVI e que estava imerso num construto do escolasticismo protestante. Sua teologia é centrada na graça de Deus e tem influências certeiras da patrística pré-nicena e de teólogos importantes da Reforma como Sebastien Castellio e Philip Melanchthon. Wesley não fica para trás. Foi um exímio acadêmico de Oxford, o que lhe rendeu o convite para lecionar nesta tão renomada instituição de ensino. No entanto, sua maior paixão era levar o evangelho aos necessitados. Sua teologia era direcionada para uma fé transformadora, que queria ver as pessoas salvas da ira de Deus e do pecado, bem como cooperando no ministério da reconciliação.
É certo que esses homens contribuíram bastante com a teologia cristã. Mas, o que mais eles têm a contribuir, de maneira que transcendam a discussão sobre salvação espiritual? A partir do nosso terceiro capítulo enfocamos nessa perspectiva. Uma discussão inicial sobre ética é importante. Qual seria o modelo ético prevalecente na teologia Armínio-Wesleyana? Acreditamos que seja o teleológico, que visa os propósitos de Deus. Nesse sentido, averiguamos uma ética que deseja ser transformacional: ela quer incentivar a humanidade reconciliada a ser agente de reconciliação nos níveis espiritual, ecológico, intrapessoal e interpessoal.
Nosso quarto capítulo traz algumas ideias sobre economia e sua relação com a teologia. Será que é possível pensarmos em algo que possa ajudar as pessoas sem cair na infantil dicotomia de direita x esquerda? Nossos teólogos viveram antes de Adam Smith e Karl Marx, logo, não precisavam pensar nessa ótica que hoje tem estado viciada. Wesley vive numa época de maiores reflexões sobre o assunto. Por isso, o capítulo ganha especial atenção a seus escritos e propõe um caminho do meio com base em seu belíssimo e atual sermão O uso do dinheiro.
O quinto capítulo segue na direção de temas da atualidade. Entendemos ser importante um olhar para o quadro do meio ambiente, afinal, nossa casa está em jogo. Será que podemos pensar numa ecoteologia armínio-wesleyana? Nossa resposta é que sim! Ela terra foi criada boa, perfeita, sem defeitos. No entanto, a queda também atingiu a natureza como um todo. Estaria ela abandonada dos planos redentivos de Deus? A criação geme, aguardando a manifestação dos filhos de Deus. Acreditamos que é possível pensarmos numa mordomia responsável, que glorifique ao Senhor e, ao mesmo tempo, abençoe a humanidade.
Em seguida, no nosso sexto capítulo, também demonstramos que uma temática atual e que tinha importância social e espiritual para a teologia Armínio-Wesleyana era a da saúde. Wesley se preocupou bastante quanto a esse ponto. As pessoas de sua época tinham uma expectativa de vida muito baixa e as condições sanitárias eram precárias. Algo precisava ser feito. E o clérigo anglicano pensou em algo: escreveu um material de medicina primitiva para que as pessoas carentes pudessem ser cuidadas e se cuidar. Nesse assunto, a saúde é mais ampla e discutimos a partir das três dimensões humanas: espiritual, emocional e física.
O sétimo capítulo entra numa discussão apaixonante: a educação. Acreditamos que ela abre portas para a autonomia e para a emancipação. Podemos ser roubados de muitas coisas materiais, mas o que aprendemos não pode ser furtado de nossas mentes. Mas, o que a teologia Armínio-Wesleyana tem a dizer sobre a educação? Certamente, muito mais do que pudemos escrever neste capítulo, pois o espaço era nosso inimigo. Podemos pensar em educação infantil e de adultos, cristã e secular. Esse é um tema que muito aqueceu nosso coração enquanto pesquisava e escrevia. Precisamos investir mais em educação (em todos os níveis).
Finalmente, no oitavo capítulo, trazemos uma discussão importante. Os homens e teólogos Armínio e Wesley também eram pastores. Exerceram ministérios nessa área, cuidaram de vidas, oraram por pessoas, aconselharam cristãos, evangelizaram não crentes. Certamente, a preocupação deles com os vulneráveis é notória, mas, ao mesmo tempo, pouco conhecida (principalmente a partir de Armínio). Deste modo, o último capítulo descreve um pouco de suas atuações em suas respectivas igrejas, seus ensinamentos acerca do cuidado pastoral e lições que se tornam muito úteis para nós, crentes do século XXI. Podemos perceber que, erudição não é sinônimo de uma vida alienada na academia. Bons teólogos como eles podem ser excelentes pastores no reino de Deus.
É claro que ainda gostaríamos de falar de muitos outros assuntos nesta obra. No entanto, devido a espaço, não foi possível desta vez. Mesmo assim, acreditamos que esses temas contribuem para situações corriqueiras da nossa vida espiritual e social, de modo que você, leitor, poderá se deparar melhor com a teoria e com a práxis da teologia Armínio-Wesleyana. Desejo, sinceramente, que faça uma boa leitura e que os textos possam motivá-lo a ser um cristão cada vez melhor na sua jornada de fé e que esta fé não fique restrita às quatro paredes da sua comunidade adoradora. Que Deus, em Cristo, por meio do Espírito abençoe sua leitura e lhe impulsione para desenvolver mais e mais a sua salvação.
Autor | Vinicius Couto |
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ISBN | 978-65-5619-171-3 |
Altura do livro | 23 |
Largura do livro | 16 |
Profundidade | 1 |
Páginas | 218 |
Edição | 1 |
Ano da edição | 2024 |
Peso | 0.540 |
Idioma | Português |
Marca | Editora Reflexão |
Opção de acabamento | Capa Brochura |
Detalhes técnicos do produto:
Código | 978-65-5619-171-3 |
Marca | Editora Reflexão |