Corpo no protestantismo

Este texto, por isso mesmo, procura contribuir para preencher algumas lacunas sobre a compreensão do corpo no campo da psicologia histórica e da vivência de alguns pacientes (VIGARELLO, 2016). Nada além disso.
Ao longo dos últimos trinta e cinco anos, na condição de teólogo e psicológico clínico, este autor tem observado o corpo protestante de um lugar privilegiado: a clínica psicológica e o gabinete pastoral. Nas narrativas dos cristãos, o corpo tem sido palco de bênçãos e maldições decorrentes das representações que se faz da interpretação da Bíblia a respeito, a partir da doutrina luterana do livre exame. É sobre estas representações que pretendemos falar e compreender. 
A Bíblia, a Palavra de Deus, e a Reforma Protestante do século XVI muito contribuíram para uma visão sagrada do corpo. Contribuíram também para os cuidados com o corpo e o avanço da medicina e da saúde humana. Isso não se discute. O que está em discussão aqui são algumas daquelas distorções que interpretações protestantes menos exegéticas fazem sobre o corpo, à revelia da teologia reformada e das Sagradas Escrituras.