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A justificação pela fé nas perspectivas antiga e nova. Uma análise exegética de Romanos 3
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- Calcular freteAs cartas do apóstolo Paulo revelam um personagem fundamental para os rumos que o cristianismo tomou depois de suas origens. Embora alguns registrem certa ausência de referências às cartas de Paulo entre os padres da igreja que viveram logo após o tempo dos primeiros apóstolos, em geral sua presença e sua marca têm sido notáveis ao longo do tempo. Depois de Marcião, foi principalmente Agostinho de Hipona que registrou, a seu modo, a marca indelével deste apóstolo das origens. Na verdade, até hoje lemos Paulo via Agostinho.
Mas, foi na Reforma Protestante que a marca de Paulo acabou ficando encravada definitivamente na teologia da igreja cristã. Especialmente Martinho Lutero e João Calvino contribuíram decisivamente para que a carta de Paulo aos Romanos fosse vista como “o mais puro evangelho”, como se expressou Lutero. Ela recebeu o rótulo de o grande e insuperável tratado da teologia cristã. Assim, Paulo acabou recebendo o título de primeiro grande teólogo do cristianismo.
Visceralmente ligada à carta aos Romanos estava a justificação pela graça mediante a fé. A cara expressão “justiça de Deus” foi entendida por Lutero não mais como meramente a justiça que Deus exige do pecador, mas sim como a justiça que ele exige e, ao mesmo tempo, imputa gratuitamente ao pecador que crê em Jesus.
Mais do que o tema central da carta aos Romanos, esta interpretação da justificação acabou sendo a chave hermenêutica de Lutero e Calvino e, consequentemente, da Reforma Protestante, para a leitura de toda a Bíblia. Este passou a ser o crivo hermenêutico de juízo de veracidade sobre todo tipo de leitura da Bíblia. Este padrão de interpretação da Bíblia e do cristianismo vem sendo repetido ao longo desses mais de quinhentos anos.
Essa leitura basicamente teológica de Paulo e da Bíblia teve diversos desdobramentos. Entre eles está o anacronismo resultante que vê o cristianismo e o judaísmo como duas religiões separadas nos tempos de Paulo, a transferência dos conflitos entre católicos e protestantes para a situação histórica das origens cristãs, como se dela fizessem parte e, até mesmo o antissemitismo que via os judeus como defensores da salvação pelas obras da lei e inimigos do cristianismo da salvação pela graça por meio da fé.
Entretanto, já há mais de um século que vozes vêm se levantando para protestar que essa tradição é basicamente teológica e pouco histórica. Diversos pesquisadores, judeus e cristãos, que desejavam fazer uma revisão dessa leitura protestante de Paulo, já vinham mostrando as evidências explícitas e implícitas nas próprias cartas de Paulo a respeito.
Com o acúmulo de pesquisas e o surgimento de novos métodos, nos últimos anos essa busca se intensificou e cresceu. De modo geral, o anseio é por um Paulo mais histórico e não tão preso a crivos teológicos de determinados momentos. Isso não significa negar a leitura teológica, mas apontar sua parcialidade e frequente falsa sensação de abrangência.
Diferente de fazer uma caricatura de Paulo como se fora um teólogo da Renascença e da Modernidade, tais pesquisas têm apontado que é mais natural e histórico compreendê-lo no âmbito apocalíptico das experiências místicas que faziam parte de seu mundo, experiências estas que ele mesmo registrou. Como disse alguém falando sobre Paulo e a apocalíptica: é preciso lembrar que, cronologicamente, Paulo estava bem mais perto de João do Apocalipse do que de Lutero e Calvino.
Este livro de Leandro Formicki é resultado de esforços neste sentido. Ele faz parte de uma corrente, como se pode ver em sua extensa, especializada e atualizada bibliografia, que vem produzindo pesquisa de ponta ano a ano sobre o tema.
Além disso, o autor foi corajoso, pois escreveu sobre um tema caro e quase intocável para alguns círculos teológicos. Este tema é dono de riquíssima bibliografia, quase condenando à repetição e “mesmismo”, por assim dizer, aqueles que se aventuram a trilhar esses sagrados caminhos. Apesar disso, essa obra mostra que o autor se saiu muito bem diante deste desafio.
Mais ainda, esse livro também é uma contribuição para o fenômeno que tem ocorrido ultimamente da tentativa da diminuição da distância, tanto de qualidade quanto de atualização, entre as pesquisas brasileiras e as pesquisas estrangeiras ligadas às grandes universidades do mundo. Mesmo o leitor que tem acesso a idiomas além do português perceberá que essa obra tem uma contribuição importante para o enriquecimento da pesquisa.
Por fim, fico feliz por ter participado desse empreendimento lá no início, ainda na fase de graduação, por acompanhar o desenvolvimento do autor na fase de mestrado, e agora ser brindado com este livro, que é o resultado maduro do seu trabalho, apresentado primeiro como tese de doutoramento, e finalmente em forma de livro, ao qual me foi dado o privilégio de prefaciar.
Jonas Machado
Pós-Doutorado em História, especialização em Manuscritos do Mar Morto pela UNICAMP com estágio na Universidade de Oxford, Inglaterra e Israel; Doutorado em Ciências da Religião, com tese sobre Paulo de Tarso no campo da experiência religiosa, pela UMESP; Professor de Novo Testamento na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
- Autor: Leandro Formicki
- ISBN: 978-85-8088-469-2
- Altura: 23
- Largura: 16
- Profundidade: 4
- Páginas: 358
- Edição: 1
- Ano da publicação: 2020
- Peso em gramas: 527
- Idioma: Português
- Disponível em estoque: Sim
- Acabamento: Capa Brochura
- Tipo de Idioma: Português
- Tipo de Formato: Capa comum
- Tipo de código de categorização: ISBN
- Selos Editoriais: Editora Reflexão